Páginas

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Um tapa no futuro

Hoje fiquei bem reflexivo quando o meu professor argumentou sobre a lei contra punição e castigos a crianças. Factualmente, qualquer agressão fere os preceitos da constituição vigente no nosso país, entretanto o cerne é mais profundo e psicológico do que apenas civíl. Realizando uma pequena analogia utilizada pelo mestre, assim como você gosta de uma esposa e não a agride se ela faz algo que motive uma discórdia, você também não castiga seu primogênito caso ele cometa um erro. Há controvérsias.
Na Idade Média, era normal se castigar um filho, uma vez que ele não andasse de acordo com determinadas ordens da família, configurando uma barbárie. E concomitantemente, a evolução tecnológica e coerciva trouxe a coerência e a ética de uma forma diferente da antes, sacra, vista. Assim, exponencialmente, tende a acabarem os castigos aos filhos no futuro.
O caso é que esse futuro está presente e não se permite esconder-se dele. Uma deputada do RS propôs essa lei e sem dúvidas preencheu todas lacunas que deixavam a desejar no sentido de proteger as crianças. É certo que essa política gerou muitas discussões.
Acredito que o castigo moderado não altera a formação intelectual e psicológica de uma criança, até porque as melhores mentes que já revolucionaram o mundo, tinham alguns distúrbios. Eduard Eistein, esquizofrênico; Van Gogh, epilético; Goethe era organizadíssimo, sem citar Poe, John Nash entre outros.
Logo essa lei, aprovada, impede que os pais punam e ensinem a seus filhos, enquanto crianças, que na vida adulta nós apanhamos de qualquer forma.

domingo, 8 de agosto de 2010

Velho homem

Hoje é um dia muito feliz, embora, para alguns seja triste também, dia dos Pais. Aquele homem que representa a força, honradez e moral cível dentro do lar. Não merece ser bendito apenas um dia ao ano, todavia ser valorizada cada uma de suas lições e palavras. Dessa forma, Neruda soube catalisar o que um pai (unidade) significa para um primogênito.

O Pai

Terra de semente inculta e bravia,
terra onde não há esteiros ou caminhos,
sob o sol minha vida se alonga e estremece.
Pai, nada podem teus olhos doces,
como nada puderam as estrelas
que me abrasam os olhos e as faces.

Escureceu-me a vista o mal de amor
e na doce fonte do meu sonho
outra fonte tremida se reflecte.

Depois... Pergunta a Deus porque me deram
o que me deram e porque depois
conheci a solidão do céu e da terra.

Olha, minha juventude foi um puro
botão que ficou por rebentar e perde
a sua doçura de seiva e de sangue.

O sol que cai e cai eternamente
cansou-se de a beijar... E o outono.
Pai, nada podem teus olhos doces.

Escutarei de noite as tuas palavras:
... menino, meu menino...

E na noite imensa
com as feridas de ambos seguirei.


Pablo Neruda, in Crepusculário