Hoje é um dia muito feliz, embora, para alguns seja triste também, dia dos Pais. Aquele homem que representa a força, honradez e moral cível dentro do lar. Não merece ser bendito apenas um dia ao ano, todavia ser valorizada cada uma de suas lições e palavras. Dessa forma, Neruda soube catalisar o que um pai (unidade) significa para um primogênito.
O Pai
Terra de semente inculta e bravia,
terra onde não há esteiros ou caminhos,
sob o sol minha vida se alonga e estremece.
Pai, nada podem teus olhos doces,
como nada puderam as estrelas
que me abrasam os olhos e as faces.
Escureceu-me a vista o mal de amor
e na doce fonte do meu sonho
outra fonte tremida se reflecte.
Depois... Pergunta a Deus porque me deram
o que me deram e porque depois
conheci a solidão do céu e da terra.
Olha, minha juventude foi um puro
botão que ficou por rebentar e perde
a sua doçura de seiva e de sangue.
O sol que cai e cai eternamente
cansou-se de a beijar... E o outono.
Pai, nada podem teus olhos doces.
Escutarei de noite as tuas palavras:
... menino, meu menino...
E na noite imensa
com as feridas de ambos seguirei.
Pablo Neruda, in Crepusculário
domingo, 8 de agosto de 2010
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