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segunda-feira, 13 de abril de 2009

Intercessão a conceitos filosóficos

Antes de tratarmos da produção cientifica e filosófica do período renascentista, é preciso dizer que a transição da mentalidade medieval para a mentalidade cientifica moderna não foi um processo súbito, tranqüilo e sem resistências. Forças ligadas ao passado medieval lutaram duramente contra as transformações que se desenvolviam,punindo,por exemplo,muito sábios da época e organizando listas de livros proibidos(Índex librorium proibitorium).
Foi por esse motivo que grandes pioneiros da ciência moderna sofreram perseguição do Tribunal da Inquisição, órgão da Igreja encarregado de descobrir e julgar os responsáveis pela propagação de heresias, isto é, concepções contrárias aos dogmas dos católicos.
Exemplo marcante dessas perseguições é o julgamento do pensador italiano Giordano Bruno (1548-1600), condenado à morte na fogueira por contestar o pensamento católico, que tinha como um dos pontos básicos a crença de que o planeta Terra era o centro imóvel do universo. Tais crenças geocêntricas estavam fundamentadas na astronomia do grego Ptolomeu, na física de Aristóteles e em certas interpretações da Bíblia. Contra essas concepções, Giordano Bruno apresentou a teoria heliocêntrica de Nicolau Copérnico(1473-1543)- e defendeu que o universo é um todo infinito,cujo centro não está em parte alguma.As perseguições que sofreu por isso são denunciadas no seguinte trecho: ‘’ Por ser eu delineador do campo da natureza, por estar preocupado com o alimento da alma, interessado pela cultura do espírito e dedicado à atividade do intelecto,eis que os visados me ameaçam,os observados me assaltam,os atingidos me mordem,os desmascarados me devoram’’.
Outro aspecto que incomodou a Igreja foi que a natureza e o Universo passaram a ser concebidos a partir de um novo paradigma, baseado na observação direta e na representação matemática, o que afastava os homens dos dogmas religiosos. Assim, o astrônomo e matemático alemão Johannes Kepler(1571-1630) formulou as primeiras três leis da mecânica celeste , e o físico italiano Galileu Galilei(1564-1642) realizou as primeiras aplicações do principio da inércia,resultando no trabalho posterior do físico e matemático inglês Isaac Newton(1642-1727), que inaugurou a física clássica.
Há, portanto, uma característica da filosofia e da ciência renascentista que se refere a essa associação de elementos místicos e de caráter racional, e está presente não só em Kepler, mas em filósofos que lhe antecedem, como o alemão Nicolau de Cusa (1401-1464) e os italianos Marcilio de Ficino (1433-1499) e Pico Della Mirandola (1463-1491).
Além do desenvolvimento do pensamento cientifico com implicações evidentes no campo filosófico, outras questões que fazem parte da filosofia renascentista são as relativas à essência humana, à moral e à política. Nesse âmbito destacam-se Nicolau de Cusa , o francês Michel de Montaigne (1523-1592) e os italianos Nicolau Maquiavel (1469-1527) e Tomás de Campanella(1568-1639).Nicolau de Cusa formulou a concepção de homem como microcosmo, dizendo: ‘’Todas as coisas têm uma relação e uma proporção com o universo, a perfeição da totalidade do universo resplandece mais naquela parte que se chama homem.’’ - Amanhã retomo as continuidades originárias da filosofia e seus precurssores

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